O cenário de envelhecimento demográfico coloca desafios às sociedades atuais, nomeadamente à capacidade de resposta dos sistemas nacionais de saúde e de segurança social, ao mesmo tempo que convida os Estados a desenvolverem políticas de proteção e integração dos indivíduos idosos nas várias dimensões das suas vidas.

O relatório do Institute of Economic Affairs e Age Endeavour Fellowship refere que no médio e longo prazo a reforma pode levar a um aumento dos problemas de saúde incluindo a depressão e a solidão. Embora, no curto prazo, haja o “efeito de férias”, os reformados são 40% mais propensos a sofrer de depressão do que pessoas da mesma idade que ainda estão a trabalhar.

Por um lado, partilha-se uma ideia pré-concebida de que o início da reforma e dos problemas de saúde são sinónimo de afastamento da vida comunitária, política e cultural dos indivíduos; por outro, o seu desejo de participar em atividades cívicas ou de lazer, ou a pretensão de dar continuidade a um trabalho, ocupação ou formação, são muitas vezes ignorados e desvalorizados pela sociedade de forma geral.

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho e o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional apresentam um conjunto de princípios que devem ser assegurados para a promoção do envelhecimento ativo, sendo “uma transição segura e digna para a reforma” apresentada como um dos oito objetivos neste âmbito.

Ao atuar num momento crítico de transição, a preparação para a reforma desempenha um papel fundamental na forma como os indivíduos reagem às mudanças trazidas às suas vidas e rotinas, facilitando a adoção de um estilo de vida mais ativo e com mais significado, prevenindo ou retardando o aparecimento de eventuais doenças e criando condições para uma maior qualidade de vida, participação e integração social ao longo da reforma.

A transição para a reforma é, por outro lado, uma oportunidade para que as organizações cientes do seu papel socialmente responsável, reconheçam o trabalho desenvolvido pelos mesmos ao longo da sua carreira e contribuam para a saúde e bem-estar dos seus colaboradores , gerando impactos positivos em toda a organização.

Susana Schmitz | Coordenadora geral do Projeto R